A cannabis tem estado no centro de diversas discussões em Portugal, especialmente no que diz respeito ao consumo de CBD. Este artigo visa esclarecer a situação legal e explorar as tendências atuais desta indústria.
Situação atual da cannabis medicinal em Portugal
Produtos disponíveis nas farmácias
Embora Portugal tenha permitido o uso medicinal da cannabis há cerca de seis anos, apenas quatro produtos estão disponíveis atualmente nas farmácias do país. As previsões para novas autorizações de comercialização são limitadas.
Baixa adoção na terapia clínica
A aceitação do uso da cannabis como terapia médica ainda é baixa. Muitos pacientes e profissionais de saúde não estão cientes de que podem prescrever e utilizar cannabis medicinal. Além disso, há médicos que se opõem pessoalmente ao uso da marijuana, o que contribui para a sua subutilização.
Produção voltada para exportação
Apesar do aumento no número de produtores, a maioria deles está focada na exportação. Em 2019, 700 kg de “substâncias preparadas de plantas” foram exportados, com mais de 9 toneladas destinadas principalmente à Alemanha, Espanha e Israel.
A estatística sobre a utilização recreativa de cannabis
Dilema político
O uso recreativo de cannabis continua a ser um tópico debatido no cenário político português. Estima-se que a legalização possa ocorrer nos próximos dois anos, possivelmente através de um projeto piloto controlado após as eleições presidenciais de 2026. No entanto, devido à incerteza do panorama político, tais previsões são incertas.
Impacto econômico potencial
Se a legalização for concretizada, espera-se que as vendas de flores recreativas possam gerar receitas significativas. Empresas já estabelecidas poderão expandir suas operações para o mercado recreativo, aproveitando os investimentos já existentes em infraestrutura e know-how.
Desafios enfrentados pelo setor de CBD
Área cinzenta legal
O CBD encontra-se numa “área cinzenta” no que toca à legislação em Portugal. Embora classificado pela União Europeia como um “novo alimento”, não está autorizado no país e não pode ser usado em produtos alimentares ou cosméticos. Esta situação leva a inspeções recorrentes das autoridades, forçando muitos comerciantes a fechar seus negócios.
Dependência do comércio eletrónico
Devido às restrições legais, muitos consumidores recorrem à internet para adquirir CBD. O comércio eletrónico permanece o principal canal de distribuição para CBD e outros canabinoides não intoxicantes em Portugal.
Discussão sobre o futuro da cannabis em Portugal
Previsões futuras
Com base nas posições dos partidos políticos e nas discussões recentes, há uma expectativa de que a legalização do uso adulto possa acontecer após 2026. Contudo, dada a natureza volátil da política, qualquer previsão sólida sobre o futuro da cannabis em Portugal deve ser vista com cautela.
Papel das empresas estabelecidas
Empresas como Tilray, com centros de produção já estabelecidos, e Akanda, poderão desempenhar um papel significativo se a legalização ocorrer. Estas empresas têm o potencial de alavancar suas operações existentes para capturar uma fatia considerável do novo mercado recreativo.
A paisagem da cannabis e do CBD em Portugal é complexa e repleta de desafios. Enquanto a legalização total ainda parece distante, as tendências indicam uma possível transformação significativa no futuro próximo. Até lá, tanto consumidores quanto empresas precisam navegar por este ambiente desafiador com cuidado e atenção às mudanças legislativas.